MÃO DE FERRO

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Com inteligência, Wagner explora dissenso entre ACM Neto e João Henrique

Wagner: análise sobre quadro municipal na ponta da língua

Na entrevista que concedeu hoje ao jornal A Tarde, depois de um período de retração equivalente ao da greve de mais de 100 dias dos professores, o governador Jaques Wagner (PT) revela pela primeira vez disposição para assumir a ofensiva, quando fala do interesse em usar o horário eleitoral de Nelson Pelegrino (PT) para justificar seu posicionamento ante o movimento dos professores, se dirige meticulosamente ao alvo ACM Neto (DEM), principal adversário do projeto petista de assumir o controle da Prefeitura de Salvador, e ainda – o que não é propriamente novidade – critica o prefeito João Henrique (PP)
Conforme anuncia, Wagner pretende se dirigir ao povo baiano a fim de justificar a greve como resultado de limites do Estado, não compreendidos pela classe docente, a qual coloca cuidadosamente na condição de vítima. Atende assim a conselhos de assessores e, principalmente, de correligionários, para os quais sua postura defensiva durante a mobilização na rede estadual teria sido uma das principais responsáveis pelo desgaste que ele e seu governo sofreram nos últimos meses, com repercussões negativas para os candidatos do PT à sucessão municipal no Estado.
Na conversa com o repórter Biaggio Talento, Wagner também demonstra a habilidade habitual e alto nível de informação ao explorar o dissenso que estaria emergindo na relação entre o prefeito João Henrique (PP) e o seu candidato velado nestas eleições, ACM Neto (DEM), por conta das dificuldades do segundo em se associar na medida do que gostaria o primeiro à atual gestão, alvo de críticas de todos os candidatos, inclusive do aliado democrata, num calibre que deve ainda recrudescer muito à medida que comece o horário eleitoral, no próximo dia 21.
Ao mesmo tempo em que vincula ACM Neto a João Henrique, lembrando da participação de quadros ligados ao democrata no governo municipal, Wagner se refere de maneira inteligentemente irônica e pejorativa ao adversário como, exatamente por isso, um “rapaz jeitoso” e reforça críticas à figura do prefeito, advertindo que comanda um “sistema instável politicamente, partidariamente e administrativamente”. Pode ter sido neste ponto no qual talvez tenha se excedido um pouco politicamente por tornar ainda mais evidente que, se não podem ficar juntos em público, o melhor mesmo é que o prefeito e seu candidato fiquem bem misturados em particular.
Afinal, João Henrique e ACM Neto estão evidentemente no pólo oposto ao PT e seus aliados, entre os quais pode se incluir o chamado Bispo Marinho, do PRB, cuja candidatura é compreendida como de interesse direto do petismo e por ele, inclusive, ajudada como forma de viabilizar a realização de um eventual segundo turno, de grande utilidade para Nelson Pelegrino, caso as urnas confirmem o patamar em que o petista se encontra nas pesquisas. Voltando a JH e ACM Neto: Em igual contexto, não parece restar-lhes outra alternativa senão a de buscar se unir e crescer assim, com  ACM Neto aprofundando seu estilo “jeitoso” e João Henrique superando a “instabilidade”, para reconhecer elementos apontados nos dois com clareza  por Wagner.

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