MÃO DE FERRO

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Itapitanga: Dívida de prefeito com ciganos causa tensão

Na cidade, população não fala de outro assunto



São comuns as histórias de dívidas com ciganos em cidades do interior da Bahia. Também não são raros os envolvimentos de prefeitos, vereadores e secretários municipais nestes empréstimos perigosos. Nas ruas de Itapitanga, cidade localizada a 450 km de Salvador, não se para de falar do dinheiro que o alcaide, Dernival Ferreira (PP), deve a um cigano e de sua correria para pagar a dívida depois de ter os planos para a sucessão frustrados pela Justiça Eleitoral.

As dívidas do prefeito com ciganos e fornecedores, no final de seus dois mandatos, ganharam mais repercussão no município depois da impugnação da candidatura da 'ex-esposa' do alcaide, Cristina Moitinho, à prefeitura de Itapitanga, faltando três dias para o pleito do dia 7/10.  "Não posso lhe dizer com certeza. Mas se comenta na rua que ele deve só a um cigano R$ 2 milhões", diz Lenya Araújo (PT), única vereadora da oposição no município. 

A edil, que já abriu 12 processos com denúncias de superfaturamento contra Dernival, ingressou junto com o promotor da cidade uma ação pedindo a impugnação da candidatura de Cristina, acatada pela Justiça Eleitoral. Com isso, Dernival e a coligação liderada pelos pepistas foram obrigados a definir um novo nome, 72h antes das eleições. Joaquim Babo foi o escolhido e venceu a disputa com 59,6% dos votos válidos, mesmo sem tempo para fazer campanha. No entanto, ainda não se sabe qual o nível de compromisso que o novo prefeito terá com o atual e se ele pode ajudá-lo com as astronômicas dívidas pessoais.

Metro 1

Separação só de fachada

O prefeito Dernival Ferreira e sua esposa, Cristina Moitinho, tentavam driblar a lei eleitoral, que não permite que cônjuges e parentes consanguíneos substituam os ocupantes dos cargos de prefeito, governador e presidente. "Ele queria colocar a mulher como candidata. Ele forjou como se tivesse separado, mas a gente sabia que eles viviam juntos. Nesses quatro anos, ele alugou uma casa e ela outra, mas mantinham um relacionamento. Ele saia da casa dela às 6h", afirma a vereadora Lenya.

Cristina ainda foi secretária do Bem-Estar nos dois mandatos de Dernival. Segundo Lenya, a candidata aparecia ao lado do prefeito nas fotos de festas no município. Procurado pelo Jornal da Metrópole, Dernival não foi encontrado na prefeitura da cidade.

Currículo de problemas

Rejeição de contas pelo Tribunal de Contas dos Municípios em 2008, denúncias de superfaturamento e dívidas fazem parte do currículo de Dernival Ferreira. Com o poder da maioria dos nove integrantes da Câmara de Vereadores, o prefeito conseguiu, internamente, um parecer favorável das suas contas e o apoio necessário para aprovação de seus projetos nos últimos anos.

"Tinha duas ambulâncias e um ônibus que ficaram um ano parados. O mato cobriu. Dentro do ano, ele consumiu combustível, estofamento, pneu... mais de R$ 200 mil", conta a vereadora Lenya. Ainda segundo ela, no início do ano, a Polícia Federal visitou escolas municipais para averiguar reformas que custaram R$ 1,1 milhão. 

A vereadora também reclama da antecipação do final das aulas na rede municipal. "Dia 30/11 encerrou em todas as escolas porque ele não quer pagar outubro e novembro". Ela prometeu entrar com uma ação no Ministério Público.

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Novo prefeito se esquiva

O prefeito eleito Joaquim Babo (PP) não comentou as dívidas pessoais do prefeito e apenas disse que Dernival está fazendo um levantamento das dívidas da prefeitura. "Ele vai pagar uma parte até o dia 12. Até o dia 31, ele quer pagar os fornecedores", afirma. Babo ainda informou que manterá algumas propostas da campanha de Cristina, mas que tem projetos próprios também.

O novo prefeito tem uma boa imagem com os cidadãos e até com a vereadora que faz oposição ao PP na cidade. "Joaquim é uma pessoa muito humilde, de boa-fé. Mas, quando você entra na posição que ele entrou, tem que fazer muitos conchavos, acredito. Gosto muito dele, mas já falei com ele que espero que não fique ouvindo os outros. As pessoas têm que ter personalidade", explica Lenya.

A boa reputação de Joaquim faz com que a população acredite que a influência de Dernival na próxima administração não seja tão grande. No entanto, Lenya demonstra preocupação. "Não sabemos o que vai acontecer. Joaquim está muito calado e Dernival está falando demais", diz.

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