MÃO DE FERRO

quinta-feira, 10 de maio de 2012

EXCLUSIVO: Mudança repetina de postura do governo estadual frente ao metrô enche aliados do prefeito de desconfiança

Aliados acham que governo estadual quer usurpar mérito de João Henrique na conclusão do metrô de Salvador
A mudança de 180³ na postura do governo do Estado com relação ao metrô de Salvador desencadeou um conjunto de especulações nada confortáveis na equipe do prefeito João Henrique (PP) sobre o que pode estar por trás da guinada. Uma delas é que, aproveitando-se de seu poderio publicitário e de mídia, o governo estadual pode estar interessado em assumir a paternidade do empreendimento, de olho nas eleições municipais, mesmo depois de ter se colocado frontalmente contra o equipamento.
A outra é que, ao acenar com o levantamento dos recursos para o tramo I do metrô, a administração estadual pode, na realidade, estar tentando assumir a condução de todo o processo para, deliberadamente, retardar a chegada do dinheiro, jogando a operação do novo sistema de transportes apenas para o ano que vem, muito tempo depois, portanto, das eleições municipais, quando o funcionamento do sistema pode ser apresentado como uma grande realização do governo João Henrique, beneficando o candidato que ele apoiar.
Na equipe do prefeito, o temor é tamanho com relação à entrada em cena do governo do Estado na história que já há quem esteja sugerindo a João Henrique que levante diretamente o dinheiro no orçamento do município de forma a colocar o metrô em funcionamento de qualquer forma até agosto, um mês antes das eleições. Pelos cálculos do governo e da Prefeitura, são necessários R$ 40 mi para iniciar a pré-operação do metrô, que tem seis quilômetros de extensão.
Como o dinheiro não precisa ser desembolsado de uma única vez, a Prefeitura poderia se preparar para aportar os recursos, parceladamente, a partir de agosto, a tempo de dar à população o direito de usar o equipamento, durante a pré-operação, de forma gratuita. “Muito estranha essa mudança repetina na postura do governo do Estado com relação ao metrô. Antes, era contra. Agora, repentinamente, ficou a favor”, diz  uma fonte com acesso direto ao gabinete do prefeito.
A mesma fonte avalia que, embora a mudança de postura do governo estadual possa ser considerada uma vitória pessoal do prefeito, que passou a peregrinar pelos meios de comunicação defendendo o funcionamento do equipamento desde que a ministra Míriam Belquior (Planejamento), em visita à Bahia, questionou a operação, no que recebeu apoio do governador Jaques Wagner (PT), nenhuma explicação razoável surgiu até agora para tamanha virada.
Mesmo a tese de que, caso não mudasse, o governo petista estaria prejudicando o deputado federal do PT Nelson Pelegrino, que passaria a ser o único candidato a ficar contra o funcionamento do metrô na campanha municipal, não convenceu ainda os aliados do prefeito. “Tem, com certeza, mais coisa por trás disso”, analisa outra fonte próxima de João Henrique, lembrando que o gestor foi o responsável pelo destravamento burocrático que permitiu a conclusão dos seis quilômetros do metrô.
Quando João Henrique assumiu a Prefeitura pela primeira vez, em 2004, encontrou apenas 20% das obras do equipamento concluídas, envolvendo-se numa operação de guerra, no que teve o apoio de todos os partidos baianos, do PT ao DEM, para retomar os investimentos e concluir o empreendimento, cujo tamanho foi definido pelo governo federal. “Os metrôs do Rio e de São Paulo começaram com o mesmo tamanho”, defendeu-se o prefeito quando o governo do Estado passou a bombardeá-lo.

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