MÃO DE FERRO

domingo, 8 de abril de 2012

Para financiar campanhas, Senado tem suplentes ricos

BRASÍLIA - Ter suplentes ricos que financiam parte das campanhas, cada vez mais caras a cada eleição, também é praxe no Senado. Roberto Requião (PMDB-PR), por exemplo, teve 27% do custo de sua campanha bancados por seu suplente, Chico Simeão, que doou R$ 857 mil. Simeão é dono da BS Colway, que importa pneus usados, recicla e revende no Brasil. Requião afirmou que esse dinheiro refere-se ao empréstimo de um avião.

— Eu superestimei o valor de propósito, para evitar problemas — afirmou o senador do PMDB. Ele nega ter escolhido Simeão pelo fato de ele ser rico:
— Ele é um empresário progressista, que defende o capital produtivo.
Primeiro suplente de Demóstenes Torres (de Goiás, sem partido), que está agora em meio a um escândalo de corrupção, o empreiteiro Wilder Pedro de Moraes, da Orca Construtora, doou R$ 700 mil para a campanha do titular, o que corresponde a 7,5% do total arrecadado.

No Senado, 15 suplentes no exercício do mandato

Atualmente, 15 suplentes estão no exercício do mandato no Senado, o que corresponde a 18% dos 81 integrantes da Casa. Desses, cinco assumiram porque o titular foi eleito governador, quatro viraram ministros, três morreram, um tomou posse como secretário estadual, um foi indicado para conselheiro de tribunal de contas estadual e um foi cassado.

E alguns suplentes não deixam passar em branco a permanência temporária na Casa. Reditário Cassol é um exemplo disso. Assumiu o mandato por quatro meses no ano passado. Seu filho tirou uma licença por motivo de saúde. Nesse período, Reditário gastou R$ 92.104 de dinheiro público com “divulgação do mandato parlamentar”. Seu feito de maior destaque foi a defesa, na tribuna do Senado, para escândalo geral, do uso de chicote para presos que se recusam a trabalhar.

Ataídes Oliveira (PSDB-TO) também exerceu o mandato do titular, o senador João Ribeiro (PR-TO), por quatro meses, pelo mesmo motivo: saúde. O suplente gastou, no total, R$16.542, também da verba pública a que todo senador tem direito, com publicidade.

Oliveira ganhou os holofotes ao retirar sua assinatura do requerimento de criação da CPI do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que era uma iniciativa de seu próprio partido. O foco da investigação seria o PR, partido do titular do mandato.

A mudança no sistema de suplência do Senado é um dos assuntos debatidos na reforma política, em uma tentativa de corrigir distorções, mas nunca vai para a frente.

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