MÃO DE FERRO

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Caetité: Sem saber que conversa estava sendo gravada, Candidatos entregam como funcionou o esquema de compra de votos

Caetité: Sem saber que conversa estava sendo gravada, Candidatos entregam como funcionou o esquema de compra de votos

O Juiz Eleitoral de Caetité Dr. Ronaldo Alves Neves Filho recebeu no ultimo dia 07 de janeiro (ultimo dia ajuizar ações contra mandato eletivo), o que podemos de chamar de uma “bomba”. Uma AIME – Ação de Impugnação do Mandato Eletivo, com mais de 1.500 páginas, 101 das quais são transcrição de gravações realizadas após as eleições com candidatos que concorreram ao cargo, e  que entregam, sem perceber que estavam sendo gravados, como funcionou todo o esquema que fora montado por Zé Barreira e sua equipe para  lograr êxito nas eleições. Para fortalecer ainda mais as provas e praticamente determinar a cassação de Zé Barreira e vários vereadores, a mesma pessoa que gravou com os vereadores, ainda ouviu as pessoas citadas pelos candidatos, comprovando que o esquema funcionou de forma organizada e orquestrada, que os advogados classificaram de “organização criminosa”.
Com esses documentos protocolados na Justiça, a coligação Caetité Pode Mais, pede a cassação de José Barreira de Alencar Filho, candidato reeleito ao Cargo de Prefeito de Caetité nas últimas eleições pelo PSB, que integrou a Coligação Compromisso Para Fazer Mais, incluindo ainda os vereadores eleitos: Arual Rachid Fernandes Santos, (PSB), Jaquele Fraga Teixeira (Dra. Kelly), ( PSB), Zacarias Fernandes Nogueira (PCdoB), Mário Rebouças (PCdoB), Cláudio Borges (PSB), Nilo Joaquim de Azevedo (PSB) e Álvaro Montenegro Cerqueira de Oliveira (Nem de Dácio) (PR), todos estes eleitos pela Coligação Compromisso Para Fazer Mais, bem como João da Silva Chaves (João do Povo) e Marcílio Teixeira Alves (Dr. Marcílio), ambos suplentes de vereador pelo PSB, da mesma coligação.
A documentação deixa claro que os citados,  não apenas compraram votos como também abusaram do poder político e econômico, fazendo ameaças, prometendo e distribuindo todo tipo de oferenda. Cabos eleitorais devidamente municiados de recursos financeiros entregaram aos eleitores cestas básicas, dinheiro, combustíveis, materiais para construção (especialmente telhas, cimento, além de postes e manilhas), padrões de energia, cabos elétricos, caixas d´água, mangueiras, bolas de arame farpado, serviços de motor em veículos, limpeza de terrenos, estradas e principalmente uma forte patrulha mecânica para abertura de poços e aguadas, com a mesma finalidade, usando quase sempre, recursos públicos para fazê-lo.
A documentação vai mais longe e mostra ainda que os carros locados para o serviço do transporte escolar municipal foram utilizados para levar os seus eleitores às reuniões eleitorais e/ou comícios, misturando o público com o privado, não se sabendo o que é na realidade da coligação, partido político ou candidato.
Vê-se nas fotos e vídeos anexos ao processo  que o Acionado distribuiu abertamente grande quantidade de combustível aos seus eleitores, chegando a chamar a atenção o intenso movimento no Posto Canibal II, onde os veículos e motos que estavam sendo abastecidas estavam adesivados com propaganda eleitoral de Zé Barreira, com seus proprietários ostentando bandeiras contendo a propaganda político-partidária do candidato a reeleição.
Como se fosse pouco todo o aparato montado para a captação de sufrágio, a Coligação Compromisso Para Fazer Mais ainda utilizou da prática do transporte de eleitores no dia da eleição, paralizando o uso dos veículos que estavam autorizados pela justiça, numa forma de facilitar o tráfego apenas dos eleitores considerados aliados. A prática abusiva, segundo revela uma das gravações que nossa reportagem teve acesso, mostra que  aconteceu desde o início do ano eleitoral, quando o prefeito percebeu que perderia as eleições, “Ué, ospovo ganhava, eu botava no carro e levava. Ué, eu tô ganhando o meu! Tinha dia que eu levava 12 caixa, 20 caixa, 40 saco de cimento, rapaz. Tudo ganhado aí. Bloco eu levava era de 4 mil, 3 mil teia, direto aí. E tome, e tome, e tome, e tome, e foi apertando, apertando, e eles viu que o trem tava meio balançando e apertou (…?)! E tome, e tome, a noite toda, e tome, e tome, e tome, e tome, e o coro comeu… [sic]”, alega um dos envolvidos, encarregado de transportar o bens oferecidos aos eleitores.
Para o advogado Dr. Custódio Brito, que encabeça o rol de advogados que assinam a ação, “trata-se de inúmeras condutas abusivas praticadas escancaradamente  e que envolveram uso da máquina e da distribuição de todo tipo de bens e valores sem amparo legal, no curso de toda a campanha, que não deixa outra saída para o seu julgamento, senão a cassação dos mandatos eletivos de todos os envolvidos”.

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