Entrevista coletiva aconteceu no salão de reuniões da Prefeitura Municipal de Teixeira de Freitas
Até o último mês de dezembro e também durante a posse em 1º de janeiro o novo prefeito de Teixeira de Freitas, João Bosco Bittencourt (PT) chamava Apparecido Staut (PSDB) de gestor facilitador do processo transitório, íntegro e bem intencionado. Esses adjetivos foram mais explícitos durante o anúncio dos nomes dos novos secretários municipais ocorrido no dia 6 de dezembro de 2012. O tratamento cordial teria sido uma maneira de agradecer ao então prefeito Apparecido, por este supostamente ter liberado aos seus eleitores
para que votassem em Bosco.
Mas pelo visto o discurso mudou com apenas metade de um mês de mandato. Na manhã desta terça-feira (15) o prefeito João Bosco e os principais nomes do seu primeiro escalão convidaram os meios de comunicação da cidade, quando anunciaram as primeiras ações básicas da gestão e mostraram o rombo milionário deixado pela ex-gestão e desmentiram o suposto saldo de R$ 10 milhões que Apparecido teria alardeado falsamente na cidade.
Pelos números apresentados pela nova administração, além de supostamente não existir saldo algum, no total a Prefeitura estaria devendo cerca de R$ 9 milhões, principalmente a fornecedores dos setores de saúde e educação. “Além das dívidas, o que torna a nossa situação muito complicada, estamos com um déficit mensal na saúde de R$ 1 milhão. Precisamos encontrar uma saída para equilibrarmos essa conta”, relatou Bosco, ao lado do secretário municipal de saúde, Marcos Pinto, sobrinho do ex-deputado federal Uldurico Pinto.
O saldo fictício anunciado pelo ex-prefeito Apparecido Staut, um dos recordistas em condenações e multas impostas pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), gerou um problema para a secretaria municipal de Educação, já que diante de parte do montante anunciado para o setor, a APLB Sindicato começou a reivindicar para que fosse feito um rateio entre os educadores. Como agora no lugar do suposto saldo em caixa foi anunciado um rombo superior a R$ 9 milhões, a frustração é total.
Durante a entrevista o secretário de Saúde, Marcos Pinto pontuou o sucateamento nos postos de saúde, disse estar negociando com os fornecedores que ficaram com restos a receber e falou de medidas urgentes que devem ser tomadas na Maternidade Santa Rita e Hospital Municipal. Já a secretária de Educação, Isabel Cristina Frazão, contou que chegou a chorar ao perceber as condições precárias de sua pasta, principalmente em algumas escolas, como a Amigos de Aracruz, localizada no bairro Liberdade, onde alunos amontoados estudam irregularmente em quatro turnos diários. Essa prática é vedada pelo Ministério da Educação (MEC).
Ainda em relação ao setor de saúde do município de Teixeira de Freitas, nesta segunda-feira (14) o Teixeira News recebeu uma denúncia dando conta da situação precária das lavanderias do Hospital Municipal e Maternidade Municipal. As questões de falta de higiene já denunciadas aqui no TN, estariam colocando em risco a saúde de dezenas de pacientes, expostos às infecções hospitalares.
No final da coletiva nesta terça-feira (15) o secretário municipal de Finanças, Ari Silva, chegou a admitir o aumento de impostos municipais como forma de equilibrar as receitas com as despesas. Resta saber qual poderá ser a reação da população frente a essa possibilidade. O prefeito João Bosco aproveitou a oportunidade para alfinetar os vereadores do município, quando disse que os legisladores foram eleitos para ajudar a administrar e fiscalizar o executivo e não ficar frente às unidades de saúde adiantando procedimentos para seus correligionários. Até o momento nenhum vereador teixeirense comentou o puxão de orelha.
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