Na semana decisiva para a sucessão na Câmara e no Senado, presidenciáveis entram em campo para questionar hegemonia do PMDB; para o senador mineiro, peemedebistas devem indicar nome que seja aceito por todas as bancadas da Casa.
"Cabe ao PMDB criar facilidades para que possamos ter um nome que agregue todas as forças políticas do Congresso, para que o Senado inicie uma nova fase", disse o tucano ontem em Belo Horizonte, após semanas de silêncio da oposição sobre a sucessão do Congresso.
Segundo o tucano, Renan, como líder do PMDB, seria o "maior interessado" em conduzir o partido para indicar um nome "que possa ser tranquilamente aceito por todo o Congresso e não apenas pela bancada" peemedebista. Renan é o mais cotado para substituir José Sarney (AP), que deixa o posto na sexta-feira. Ele foi presidente da Casa de 2005 a 2007 e renunciou para não ser cassado quando acusado de usar recursos de um lobista de empreiteira para pagar despesas pessoais.
O caso volta à tona agora que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia contra o senador, na última sexta-feira. Na ocasião, Renan chegou a mostrar notas fiscais frias para justificar venda de gado e a recepção do dinheiro.
Aécio afirmou que o PSDB ainda não tem uma posição definida e que a bancada tucana se reunirá na quinta-feira para "avaliar o caminho a tomar". Uma das possibilidades é o PSDB apoiar a candidatura de Pedro Taques (PDT-MT). Ontem, Taques criticou a indefinição dos oposicionistas sobre a sucessão no Congresso (leia entrevista abaixo). O senador admitiu, ainda, que ele e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) estudam a possibilidade de formar uma chapa única contra Renan.
O senador tucano Aloysio Nunes Ferreira (SP) defendeu que o PSDB busque "outros caminhos" na eleição para a presidência do Senado, depois que Calheiros foi denunciado pela PGR. "Eu pessoalmente defendo a abstenção ou o apoio a um candidato que se comprometa com um programa de mudanças no Senado", disse.
Aloysio defendeu a proporcionalidade na eleição para o comando do Senado, o que garante o posto ao PMDB, mas fez ressalvas. "O fato de eles terem a maioria da bancada confere a eles o direito à primazia, mas o PMDB deveria oferecer nomes que conseguissem o apoio de todos, sem nenhum tipo de restrição, alguém comprometido em restabelecer o prestígio do Senado", afirmou o paulista.
Além das denúncias do passado, há polêmicas recentes envolvendo Renan. Reportagem do Estado da última quarta-feira revelou que o peemedebista usou sua influência no partido e na Caixa Econômica para transformar Alagoas em uma potência nos contratos do Minha Casa, Minha Vida, favorecendo principalmente a Construtora Uchôa, que faturou mais de R$ 70 milhões em dois anos. O proprietário da construtora, Tito Uchôa é sócio do filho do senador, o deputado Renan Filho (PMDB-AL), em outras empresas.
Outro a pedir que Renan não concorra foi Eduardo Suplicy (PT-SP). Ele sugeriu o nome do peemedebista Pedro Simon (RS).
PSB. "Acho que a expressão que o PMDB começa a tomar nessa aliança é muito maior do que o que o PMDB representa na sociedade brasileira", declarou Eduardo Campos em entrevista publicada ontem no jornal sergipano Cinform. Presidente do PSB, o governador evitou defender explicitamente a candidatura de Júlio Delgado (PSB-MG) à presidência da Câmara para não melindrar a coalizão de Dilma. Há um acordo com Planalto e o PT para que os políticos do PMDB assumam as presidências das Casas. "A gente já viu, em outros momentos, alianças políticas que foram feitas em determinadas conjunturas e que tentaram impor à sociedade a sua manutenção e o povo rapidamente não consentiu e a desmontou", acrescentou o governador.
"O povo é que vota e mede a aprovação do partido. O partido de Eduardo Campos não tem a dimensão do PMDB nem o peso político", afirmou o senador Valdir Raupp (RO), presidente nacional do PMDB. / COLABORARAM BRUNO BOGHOSSIAN e EUGÊNIA LOPES
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